Na realidade essas atividades permanentes
caracterizam-se como uma rotina diária da criança na creche. As rotinas na
creche e o modo como estão organizadas atualmente, podem ser caracterizadas
como atividades balizadoras da organização do tempo e espaço na creche,
fornecendo além da sequencia diária das ações a organização e controle dos
envolvidos.
Realizando reflexões relativas às rotinas,
Tonnucci (1999, p. 89), sinaliza que nossa constituição é garantida
a partir das “pequenas atividades cotidianas”, pois é a partir destas que construímos
nossos hábitos e autonomia.
Para a classe de berçário, as rotinas são
de extrema importância tanto para a saúde física como psíquica dos bebês, uma
vez que proporcionam seu bem estar. O momento de banho troca de fraldas, alimentação
contribui para seu pleno desenvolvimento e uma vez realizados em ambientes
educacionais merecem um olhar educativo.
Um dos desafios que dizem respeito à
rotina, é fazer com que elas tenham sentido tanto para o educador que promove
as aprendizagens, quanto para o bebê, que participa ativamente desta
organização.
O acolhimento deve ser feito de acordo a
beneficiar as crianças. Fazendo com que elas sintam-se confortáveis e
criem vínculos afetivos com os educadores.
Crianças inseguras, pais angustiados é
possível diminuir o desconforto e proporcionar um acolhimento tranquilo e
saudável para os bebês. A fase de acolhimento na Educação Infantil é diferente
para cada faixa etária e requer atenção redobrada com bebês de até 2 anos.
Afinal, quase tudo é novidade para eles: a convivência com outras crianças e
adultos.
O primeiro passo é conhecer bem a criançada.
Entender seus costumes e medos ajuda a elaborar o planejamento. "Quando
percebem que o educador sabe coisas que as fazem se sentir bem, elas ficam mais
calmas".
Antes de receber a turma, é fundamental ler com
atenção todas as informações contidas no histórico de saúde. Também é desejável
fazer uma entrevista detalhada com a família. Durante o bate-papo, os pais
podem esclarecer dúvidas e ajudar a professora a entender os hábitos da
criança. “É um momento de ajuste de expectativas”. É essencial escutar o que os
familiares esperam e explicar os objetivos a serem alcançados. Mostrar
interesse pela criança é uma forma de tranquilizar os pais. Vale perguntar como
é a rotina em casa, do que a criança gosta de brincar e de comer e se possui
objetos de apego. A entrevista pode ser finalizada com uma visita pelos
ambientes. Essa atitude é de grande importância, pois, os pais vão se
sentir valorizados e confiantes no trabalho da professora da turma.
Depois de completar 1 ano, a adaptação muda um
pouco. O foco principal agora é fazer com que a criança se acostume à ausência
dos responsáveis. Por isso, é necessário alternar momentos em que os familiares
estejam próximos e distantes da criança. Nessa idade, ela já começa a estranhar
quem não conhece e estabelece vínculos com alguns adultos. Faz parte do
processo, então, manter os rostos conhecidos ao alcance da visão do pequeno. A separação
é feita aos poucos, intercalando momentos de aproximação e de ausência, até que
o bebê se acostume à rotina na creche.
O afeto é um fator predominante, fazer com a
criança sinta-se amada e protegida é uma ferramenta essencial para o
acolhimento no berçário. No primeiro ano de vida, a função que predomina é a afetividade.
O bebê a usa para expressar-se e interagir com as pessoas, que reagem a
essas manifestações e intermediam a relação dele com o ambiente. Depois, na
etapa sensório-motora e projetiva, a inteligência prepondera. É o momento em
que a criança começa a andar, falar e manipular objetos e está voltada para o
exterior, ou seja, para o conhecimento. Essas mudanças não significam, no
entanto, que uma das funções desaparece. Como explica Henri Wallon: Uma
Concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil, "apesar de alternarem a
dominância, afetividade e cognição não são funções exteriores uma à outra. Ao
reaparecer como atividade predominante, uma incorpora as conquistas da
anterior".
Bebês de até 10 meses estranham a escola e
a comida oferecida. É necessário prestar atenção nos aspectos sensoriais:
deixar objetos pessoais, como mantinhas, chupeta e fronhas, junto ao berço
ajuda na adaptação. A ausência dos pais não incomoda, mas a textura diferente
do lençol do berço, a forma como são colocados para dormir, a temperatura da
água do banho, sim.
A hora do sono é um momento de destaque na
instituição de Educação Infantil. Ela precisa ser planejada e bem
organizada para que possa oferecer aos bebês condições favoráveis de sono e
descanso. Condições do sono Geib (2007) coloca que:
A Imensa
vulnerabilidade a que estão expostos os lactentes no processo de maturação
exige um meio ambiente capaz de proporcionar as condições biológicas e sociais
indispensáveis a sua sobrevivência saudável. Entre essas condições está o sono.
A maturação dos estados de sono e vigília inicia na vida fetal e presume-se que
seja biologicamente determinada. Nos primeiros anos de vida processam-se as
mudanças na organização temporal e na estrutura do sono.
O bebê que frequenta creche vai passar por esse
processo de organização temporal e estrutural do sono na sua casa e na
instituição. Isso implica a necessidade de se conhecer os hábitos familiares de
cada criança para traçar condições similares para a hora do sono da criança na
creche. É notório que a instituição de Educação Infantil não terá como oferecer
a cada bebê as mesmas condições de sono que este tem em casa, mas ela deverá se
esforçar por encontrar condições que permitam aos bebês dormirem naturalmente.
Diante disso, o sono nunca deve ser uma coisa imposta e os profissionais de
educação deverão planejar as atividades oferecidas aos bebês levando em
consideração o momento do descanso dentro dessa rotina.
Os estudos de Geib (2007) sobre o sono dizem
que:
Ele é
definido como um estado cerebral ativo que consiste de dois estados diferentes
e quantitativamente mensuráveis, os quais envolvem mecanismos bioquímicos e modificações
dos processos fisiológicos, acompanhadas por mudanças eletroencefalográficas
características e por imobilidade postural imediatamente reversível por
estimulação externa. É, portanto, uma interação complexa de processos
fisiológicos e comportamentais.
Cabe à instituição de Educação Infantil oferecer
condições adequadas de descanso para que o bebê possa organizar sua estrutura
de sono. Que condições seriam essas?
A maioria das instituições não dispõe de uma
sala reservada apenas para a atividade do descanso, nesse caso é necessário que
os educadores organizem a sala, onde o bebê passa a maior parte do dia, para a
hora do sono. O ambiente deve ser tranquilo e silencioso e de preferência estar
na penumbra, para que as crianças não se distraiam com estímulos visuais. O
local onde a criança vai dormir pode ser o colchonete devidamente forrado e
limpo ou o próprio berço.
A rotina do sono pressupõe que os bebês dormirão
ao mesmo tempo, durante o período estipulado pelos educadores, porque
dificilmente há nas creches espaços suficientes para algumas crianças dormirem
e outras participarem de atividades diversas. O sono é um momento coletivo e
isso faz parte da rotina do lugar. Como levar mais de dez bebês a dormir ao
mesmo tempo?
Embalando-os. Ninando-os. Acolhendo-os em seus
colchonetes. André Trindade (2007, 141) diz que o embalar está presente de
diversas maneiras, nas mais diferentes culturas, como um gesto genuíno, humano
e universal.
Apagar a luz da sala, de modo que
fique uma penumbra, colocar uma música tranquila de preferência de ninar e bem
baixinha ao fundo, ir acolhendo cada bebê no seu colchonete ou berço. Logo
depois do almoço e da higiene, os bebês entram na sala e ficam sentados no
tapete de EVA esperando pela vez de serem acarinhados e acolhidos. Alguns bebês
já vão direto para a caminha. Após colocar um a um em seu colchonete.
Olá Professora Rosângela!
ResponderExcluirSeu blog é de grande valia para nós iniciantes na Educação Infantil. Grande abraço!