A
prática pedagógica reflexiva tem sido evidenciada de extrema importância na
constituição do ser professor advindo de todo o processo formativo onde o saber
é vital, necessário e indispensável, frente aos novos desafios sócios
educativos. O importante papel que o professor exerce no sistema de ensino
exige o reconhecimento de que este profissional necessita de uma formação continuada
através de capacitação, qualificação, aperfeiçoamento e antes de tudo, ter o
propósito da reflexão inovadora, reelaborando continuamente suas práticas
docentes. Além disso, este profissional enfrenta grande desafio de se
consolidar como profissional reflexivo frente às dificuldades e aos obstáculos
do cotidiano escolar, onde a base de sua prática é a sala de aula.
É evidente que este agente pedagógico
constitui-se através do reconhecimento e da compreensão do próprio fazer e a
possibilidade da transformação da própria prática, sendo a reflexão entendida
como um compromisso ético-social. Esta ideia de profissional docente supõe o
reconhecimento e a consciência nas ações, numa perspectiva de valores pessoais
que sustentam a condição humana de analisar seus erros, interrogando suas
práticas de ensino, a fim de melhorá-las cotidianamente, tendo como compromisso
pessoal, o pensamento voltado a educação como “processo de humanização” (UTSUM,
2006. p.73). Perceber no ensino reflexivo, onde a condição ética é
imprescindível nos espaços de aprendizagem, implica uma prática “catalisadora”
de melhores práticas, contemplando um ensino no sentido “de ensinar, de educar,
de formar, de construir, enfim, de viver”. É através da reflexão que o professor
aprende e constrói a sua pratica pedagógica adequando suas aulas de acordo com
as necessidades reias dos seus alunos.
A
formação de professores vem sofrendo mudanças por conta da evolução no modo de
produção de conhecimento pela humanidade e pela crescente rapidez na divulgação
desses conhecimentos, o que faz com que a questão da formação de professores
tenha estado atualmente cada vez mais presente nas pautas de discussões gerais,
onde foram os Estados Unidos e Canadá que iniciaram, no final dos anos de 1980,
um movimento reformista na formação de professores da Educação Básica. As
reformas decorrentes desse movimento tinham por objetivo reivindicar status
profissional para os profissionais da Educação.
Apoiados
na premissa de que existe uma base de conhecimento para o ensino, muitos
pesquisadores mobilizaram-se na investigação desses saberes, com a intenção de
melhorar a formação de professores, buscaram iniciar um processo de profissionalização
que favorecesse a legitimidade da profissão e, dessa forma, transpusesse a concepção
da docência ligada a um fazer vocacionado.
A
introdução dessa temática no Brasil acontece na década de 1990, especialmente,
pelas obras de Schön, Tardif e, posteriormente de Gauthier, Nóvoa e Zeichner,
dentre outros que direta ou indiretamente vêm tratando do saber docente. Estes
autores defendem a emancipação do professor como alguém que deve decidir e
encontrar prazer na aprendizagem e na investigação do processo de ensino e
aprendizagem.
As
ideias de Schön (1992) sobre o desenvolvimento do conhecimento profissional
baseiam-se em noções como a de pesquisa e de experimentação na prática. A
designação ‘professional artistry’ é usada pelo autor com o sentido de
referir
as competências que os profissionais revelam em situações caracterizadas, muitas
vezes, por serem únicas, incertas e de conflito. O conhecimento que surgem
nestas situações de um modo espontâneo e que não se é capaz de explicitar
verbalmente pode ser descrito, em alguns casos, por observação e reflexão sobre
as ações. Estas descrições são diversas e dependem das linguagens e das
propostas, podendo ser referidas sequências de operações, procedimentos
executados, pistas observadas, regras seguidas, valores, estratégias e
princípios que constituem verdadeiras teorias de ação.
É
certo que desenvolver todas as competências necessárias ao aluno é um trabalho
diário de dedicação, compromisso, responsabilidade e conhecimento, e é em sua
prática pedagógica que professor deverá objetivar e trabalhar para realizar tal
desafio. A realidade apresenta uma prática enraizada em conceitos
ultrapassados, com grandes dificuldades, contudo, também existem excelentes
profissionais, docentes brilhantes que conseguem do nada, realizar algo
significativo.
Dessa
forma, é pertinente considerar a reflexão necessária ao exercício da prática
pedagógica, para que se possa entender a
prática desenvolvida por cada professor em sala de aula podendo a partir de
então, pautar seu trabalho em torno de uma prática pedagógica crítico-reflexiva.
O
processo de reflexão crítica tem como base a pedagogia e parte da premissa que
uma formação crítica deve conduzir ao desenvolvimento de cidadãos que sejam
capazes de analisar suas realidades social, histórica e cultural, criando
possibilidades para transformá-la, conduzindo alunos e professores a uma maior
autonomia e emancipação.
Com
base em Freire (2000), essas transformações não poderiam ficar no campo das
ilusões ou abstrações. Numa visão vygotskiana (1994), seria o sujeito
modificando o seu meio social, ao mesmo tempo em que é mudado por ele.
O professor crítico-reflexivo possui como uma de suas grandes características a
preocupação com as consequências éticas e morais de suas ações na prática
social.
A
reflexão crítica da prática pedagógica do professor permite-lhe desenvolver
competências necessárias ao seu exercício, tendo em vista que o mesmo refere-se
à formação de novas crianças e jovens. Observar, refletir, indagar, confrontar
conceitos e agir é um caminho necessário a ação docente, pois proporciona novos
conhecimentos, uma ressignificação da própria prática, bem como a construção de
novas situações que favoreceriam um melhor resultado no trabalho desenvolvido.
É
importante lembrar que, muitas vezes, o termo "professor reflexivo" é
utilizado apenas como um adjetivo, vazio de sentido, assim muitos profissionais
acabam banalizando o real sentido referente à concepção, sem levar em
consideração que a prática reflexiva é permeada por um significado. Não se pode
afirmar que um professor realizou uma reflexão para realização de uma
determinada atividade, e por isso é um professor reflexivo, se o processo
reflexivo que permeou a ação do professor não for permanente nem crítico, é
difícil acreditar que a prática deste professor seja uma prática reflexiva.
Agora
vamos analisar formas de reflexão:
Refletir
sobre a ação, pensando retrospectivamente sobre o que fizemos, de modo a
descobrir como nosso ato de conhecer-na-ação pode ter contribuído para um
resultado inesperado. Podemos proceder dessa forma após o fato em um ambiente
de tranquilidade. Podemos fazer uma
pausa no meio da ação para fazer o que Hannah Arendt (1971) chama de “parar e
pensar”. Ou seja, podemos refletir no meio da ação, sem interrompê-la.
Presente-da-ação,
um período de tempo variável com o contexto, durante o qual ainda se pode
interferir na situação em desenvolvimento, nosso pensar serve para dar uma nova
forma ao que estamos fazendo, enquanto ainda o fazemos. Podemos concluir que, se optarmos em parar no
meio da ação e refletir de diríamos que, neste caso, refletimos-na-ação. A refexão-na-ação
tem uma função crítica, questionando a estrutura de pressupostos do ato de
conhecer-na-ação. O que gera a reflexão? Gera o experimento imediato, novas
ações com o objetivo de explorar os fenômenos recém-observados.
A distinção entre os processos Reflexão-na-ação
e Conhecer-na-ação: Reflexão na ação – o que a distingue de outras formas de
reflexão é sua imediata significação para a ação. As demais formas de reflexão terão seus
efeitos sempre, quase sempre, imprevisíveis em relação ao presente-da-ação.
A Reflexão
assume o papel de mediador quando possibilita ampliar a compreensão das
situações, aprender com os erros e críticas e no processo decisório.
Quando o professor reflete após a ação. A
reflexão após a ação aprimora a tomada de decisão e contribui na busca do
autoconhecimento. Já a reflexão em ação ocorre na prática diária. A reflexão
como mediadora da aprendizagem gerencial influência não apenas no conteúdo da
aprendizagem (o que), mas no seu processo (como) e a sua amplitude (relevância
e abrangência).
Na
verdade a reflexão tanto na ação quanto após a ação são ferramentas que ajudam
o professor a criar a sua prática e adquirir mais conhecimento. E quem ganha
com isso, são os alunos que tem como mediador um profissional que esta em
constante aprendizado. Um profissional que reconhece que não é o dono do saber
absoluto é por isso, busca através de pesquisas e inúmeras reflexões dar significados
a sua prática diária, reessignificando-a sempre que for necessário para buscar
vencer os diversos desafios de sua profissão.
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